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Talidomida: usos e controversas
- 2 de outubro de 2018
- Posted by: João Batista Costa Filho
- Category: Blog
A Talidomida, substância usualmente utilizada como medicamento sedativo, anti-inflamatório e hipnótico, foi apresentada para o mundo na década de 1950, como uma droga mágica e comercializada usualmente para amenizar os enjoos nos primeiros meses de gravidez. No ano de 1961, foi descoberto que se consumida a fórmula durante os três primeiros meses de gestação, mesmo que apenas um comprimido, a Talidomida pode provocar problemas na coluna vertebral, auditivos, visuais e, em casos mais raros, deformidades no tubo digestivo e problemas cardíacos.
Após cerca de uma década do início das vendas, a Talidomida passou a ser proibida por seus efeitos prejudiciais à saúde, com a geração de milhares de casos de Focomelia, uma síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros juntos ao tronco do feto, provocando a retirada imediata do mercado mundial.
O uso do medicamento, no entanto, passa por uma reviravolta nos anos 1965, quando o uso da Talidomida é descoberto como efeito benéfico no tratamento de estados reacionais em Hanseníase, reintroduzindo o medicamento no mercado com essa finalidade específica. Desde então, foram descobertas inúmeras utilizações no tratamento de HIV, lúpus, doenças crônico-degenerativas, inflamatórias e doença de Crohn.
Nesse contexto, a Talidomida foi um dos medicamentos mais importantes do século XX, pela mobilização da legislação de saúde, constituindo o ponto de partida para a aplicação dos conceitos de segurança e farmacovigilância dos medicamentos. A Talidomida desencadeou, também, debates éticos sobre o comportamento da indústria de medicamentos e as condições de vida e direito das pessoas afetadas pelo uso do medicamento.