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3 livros para ler no Dia da Consciência Negra
- 20 de novembro de 2018
- Posted by: João Batista Costa Filho
- Category: Blog
Desde 2011, 20 de novembro é celebrado como o Dia da Consciência Negra, uma alusão ao enfrentamento de Zumbi dos Palmares, que assegurou a vida de negros africanos no período escravagista no Brasil.
A data é lembrada como forma de conscientização e discussão sobre a presença dos negros na sociedade, assim como serve para questionar os problemas sociais encontrados por esse grupo social, mesmo sendo a maioria autodeclarada no país.
Para aproveitar o Dia da Consciência Negra e refletir sobre as desigualdades raciais, escolhemos três livros de autores nacionais negros e que discutem as relações étnico-raciais:
Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus
Carolina de Jesus trabalhava como catadora de material reciclável e utilizava as folhas e cadernos que encontrava no lixo para escrever seus relatos. Traduzido para mais de 15 idiomas, Quarto de Despejo reproduz o diário de Carolina, onde ela narra o dia a dia de desigualdade nas comunidades pobres da cidade de São Paulo. O livro é um relato testemunhal da autora, de linguagem simples, mas que demonstra uma realidade desconhecida por muitos brasileiros.
Na Minha Pele – Lázaro Ramos
Lançado em 2017, Na Minha Pele do ator e escritor Lázaro Ramos, demorou dez anos para ser escrito, num processo de maturação para estabelecer um diálogo com os leitores sobre pluralidade cultural, racial, étnica e social. Isso por que, o Brasil, mesmo sendo um país com muita diversidade, é ainda marcado pela exclusão racial, principalmente de negros e indígenas.
A proposta do livro é produzir uma reflexão sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento e discriminação. Mesmo o trabalho não sendo uma autobiografia, Lázaro compartilha momentos de sua vida e que dizem respeito a narrativa, na tentativa de demonstrar quantas pessoas potenciais são deixadas de lado devido ao preconceito racial.
Um dos pontos mais abordados pelo autor diz respeito ao diálogo, principalmente no enfrentamento das diferenças. Além disso, a obra conduz o leitor a conhecer, parar de negar e valorizar a identidade perdida, constituinte de nossa nação.
Nem preto nem branco, muito pelo contrário – Lilia Moritz Schawarcz
Em Nem preto nem branco, muito pelo contrário, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz revela um país marcado por um tipo de racismo muito peculiar – negado publicamente, praticado na intimidade. Para isso, volta às origens de um Brasil recém-descoberto e apresenta ao leitor os primeiros relatos dos viajantes e as principais teorias a respeito dos “bárbaros gentis”, desse povo “sem F, sem L e sem R: sem fé, sem lei, sem rei”, teorias estas fundamentais para o leitor moderno entender a complexidade de uma nação miscigenada e com tantas nuances.
Passando pelos modelos deterministas raciais de finais do século 19, pelas teorias de branqueamento do início do século 20, depois pelas ideias da mestiçagem dos anos 1930, pois acreditava-se que o Brasil seria um exemplo de democracia racial, a autora nos mostra que, a velha máxima do “quanto mais branco melhor” nunca foi totalmente deixada de lado.